Grunge (Biografia #1)
Também conhecido como Seattle Sound, é um gênero musical, sendo parte do subgênero do rock alternativo que surgiu em meados da década de 80 no estado de Washington, majoritariamente em Seattle, por essa razão recebendo o termo "Seattle Sound" e em outras cidades próximas. O grunge é conhecido por fundir gêneros como o punk e o heavy metal, tendo este primeiro citado, sendo influência da composição ao vocal, enquanto o último, pelas distorções de guitarra, incorporando também influências do indie rock, como por exemplo, a banda nova-iorquina, Sonic Youth. As bandas ficaram marcadas por letras de cunho introspectivo, abordando temas como depressão, vício, alienação, traumas e entre outros.
© devianart: JoaoMordecaiMapperO termo "grunge" vem de uma gíria estadunidense para "alguém ou algo que é repugnante" e também para "sujeira". Historicamente, a palavra foi registrada pela primeira vez como sendo aplicada a músicos de Seattle em julho de 1987, quando Bruce Pavitt descreveu o EP Dry as a Bone do Green River em um catálogo da gravadora Sub Pop como "vocais corajosos, amplificadores Marshall rugindo, sujeira ultra-solta que destruiu a moral de uma geração". O contexto deste movimento começa em torno da gravadora independente de Seattle, Sub Pop, e da cena musical underground da região. Os donos da gravadora comercializaram o estilo astutamente, encorajando a mídia a rótula-lo como "grunge".
A música grunge tem o que foi chamado de estética "feia", tanto nos riffs distorcidos das guitarras quanto nos tópicos líricos mais sombrios das letras. Essa abordagem foi escolhida tanto para combater o som elegante "liso" do rock mainstream então predominante quanto porque os artistas grunge queriam espelhar a "feiura" que viam ao seu redor e lançar luz sobre as "profundezas e depravações" invisíveis do mundo real. Alguns indivíduos importantes no desenvolvimento do som grunge, incluindo o produtor da Sub Pop Jack Endino e os Melvins, descreveram a incorporação de influências do rock pesado como o Kiss como "provocação musical". Os artistas grunge consideravam essas bandas "bregas", mas mesmo assim gostavam delas; Buzz Osborne, dos Melvins, descreveu isso como uma tentativa de ver que coisas ridículas as bandas poderiam fazer e se safar.
Green River, uma das bandas pioneiras do movimento.© Rolling Stone
Os instrumentos básicos que definem o subgênero são: o vocal, a guitarra, o violão, o baixo, a bateria e o teclado. Os guitarristas grunge rejeitaram categoricamente os solos de guitarra virtuosos e "destruidores" que se tornaram a peça central das canções de heavy metal, optando por solos melódicos inspirados no blues, focando na canção, não no solo de guitarra. Jerry Cantrell, do Alice in Chains, afirmou que os solos deveriam servir à canção, em vez de exibir a habilidade técnica do guitarrista. No lugar dos heróis da guitarra do metal, o grunge tinha "anti-heróis da guitarra" como Cobain, que demonstrou pouco interesse em dominar o instrumento.
Curiosamente, a banda de Seattle Gorilla criou polêmica ao quebrar a abordagem de "apenas guitarras" e usar um órgão Vox no estilo dos anos 1960 em seu grupo. Em 2002, o Pearl Jam integrou um tecladista chamado Kenneth "Boom" Gaspar, que tocava piano, órgão Hammond e outros teclados; a adição de um tecladista à banda teria sido "inconcebível" nos primeiros anos "grunge" da banda, mas comprova que o som de um grupo pode mudar com o tempo.
O estilo de canto no grunge é semelhante à uma guitarra alta e fortemente distorcida em tom e entrega. Kurt Cobain costumava utilizar uma "articulação áspera e arrastada e um timbre corajoso" e Eddie Vedder do Pearl Jam fez uso de um "vibrato amplo e poderoso" para mostrar sua "profundidade de expressão". Layne Staley expressava as letras com "peso" e tremolo. Em geral, os cantores do gênero usavam um estilo vocal mais profundo que combinava com as guitarras de som mais baixo e afinadas e as mensagens líricas de tema mais sombrio usadas no estilo. Os cantores grunge usavam vocais graves roucos, rosnados, gemidos, gritos, resmungos e gemidos lamentosos; essa gama de estilos de canto era usada para comunicar as emoções variadas das letras.
Vários fatores influenciaram o foco do que se refere aos temas e as letras do grunge. Muitos músicos demonstraram um desencanto geral com o estado da sociedade, bem como um desconforto perante os preconceitos sociais. As letras continham mensagens políticas explícitas e questionamentos sobre a sociedade e como ela poderia ser mudada. Os temas das canções grunge têm algumas semelhanças com aqueles abordados pelos músicos punk rock, embora as letras grunge fossem menos abertamente políticas do que as canções punk. As canções grunge ainda indicavam uma preocupação com questões sociais, particularmente aquelas que afetam os jovens. Os principais temas do grunge são a tolerância à diferença, o apoio às mulheres, a desconfiança da autoridade e o cinismo em relação às grandes corporações.
© Pinterest: ImgurMuitas subculturas musicais estão associadas a drogas específicas, como a contracultura hippie e o reggae, ambas associadas à maconha e aos psicodélicos. Com o grunge não poderia ser diferente. Na década de 1990, a mídia se concentrou no uso de heroína por músicos na cena grunge de Seattle, com um artigo do New York Times de 1992 listando as três principais drogas da cidade como "café expresso, cerveja e heroína" e um artigo de 1996 chamando a cena grunge de Seattle de "subcultura que mais fortemente abraçou a heroína". As experiências com drogas também serviram de influências para algumas músicas do grunge. Alguns exemplos a serem citados é a letra menos explícita e mais interpretativa da música ”4th of July" do Soundgarden e o contraponto desse quesito, a letra menos sutil e mais direta ao ponto da música "Junkhead" do Alice In Chains.
© Pinterest: Psyk_No início da década de 90, a popularidade do movimento se espalhou, com bandas surgindo em outras partes dos Estados Unidos, como na Califórnia e na Austrália, construindo seguidores fortes e assinando grandes contratos com gravadoras. O grunge foi comercialmente bem-sucedido entre início e meados da década de 90 devido a lançamentos como Nevermind do Nirvana, Ten do Pearl Jam, Superunknown do Soundgarden, Dirt do Alice in Chains e Core do Stone Temple Pilots. O sucesso dessas bandas impulsionou a popularidade do rock alternativo e fez do grunge um dos subgêneros mais populares do rock.
Mas como tudo não são flores, o grunge começou a declinar em meados dos anos 90. O declínio do movimento ficou marcado por vários fatores, que incluem: o suicídio de Kurt Cobain em abril de 1994, que acabou desmantelando o Nirvana; o cancelamento da turnê do Pearl Jam também em 1994, em protesto contra a Ticketmaster; o último show do Alice in Chains em 1996 com Layne Staley na formação, que lutava contra o vício em dependência química e que morrerá em abril de 2002 por overdose de speedball; o fim do Soundgarden em 1997, que retornará em 2010 mas acabará definitivamente em maio de 2017 com o suicídio de Chris Cornell.
Durante a segunda metade da década de 1990, o grunge foi suplantado pelo pós-grunge, vertente que permaneceu comercialmente viável até o início do século XXI, sendo representado por bandas como Foo Fighters, Creed e Matchbox Twenty. Apesar do declínio, o grunge influenciou a música rock moderna e outros gêneros.
© Reddit: r/grungeReferências:
• Accidental Revolution: The Story of Grunge
• Out of the vinyl deeps: Ellen Willis on rock music
• Grunge
• Ten myths about grunge, Nirvana and Kurt Cobain
• Hype!
• Jerry Cantrell: Unshackling the Chains of Depression
• How Alice in Chains Found the Most Memorable Voice in Grunge
• Serve the Servants: Unlocking the Secrets of Grunge Guitar
Comentários
Postar um comentário