Release — Pearl Jam (História da música #2)


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Pearl Jam é uma banda grunge estadunidense que ajudou a popularizar o rock alternativo na década de 90 e que faz parte do chamado “quarteto sagrado do grunge”, ao lado do Nirvana, Alice in Chains e Soundgarden. É uma das poucas bandas dentre as principais deste subgênero que permanece ativo. Foi formada em 1990 por Jeff Ament, Stone Gossard e Mike McCready, que recrutaram Eddie Vedder e Dave Krusen.


Os integrantes da formação original do Pearl Jam durante a apresentação e gravação do álbum MTV Unplugged no Kaufman Astoria Studios em 16 de março de 1992 na cidade de Nova York. 
© Fotografia: Kevin Mazur/WireImage

Uma pequena curiosidade, é que o baixista Jeff Ament e o guitarrista Stone Gossard eram integrantes de duas das bandas pioneiras do movimento grunge que infelizmente é pouco divulgada, e são eles: Green River e Mother Love Bone.


Da direita pra esquerda; Stone Gossard e Jeff Ament na formação do Green River, década de 80. A banda entrou em divergência e encerrou as suas atividades após constantes discussões dos integrantes devido as disputas por gravadoras.
Fotografia: rockinthehead


Jeff Ament e Stone Gossard na parte inferior da imagem, da esquerda para direita, na formação da banda Mother Love Bone, que infelizmente encerrou-se de forma abrupta devido a morte de Andrew Wood, o segundo a direita, pouco antes do lançamento do álbum de estreia da banda. Reza a lenda que Andrew Wood teria alcançado o auge do Kurt Cobain se não tivesse morrido.
Fotografia: Reddit | r/grunge

O álbum de estreia da banda, Ten, foi lançado em 27 de agosto de 1991 e se tornou um dos álbuns alternativos mais vendidos dos anos 90. Pearl Jam é um verdadeiro fenômeno vivo que marcou e representou o cenário do movimento grunge.


Pearl Jam nos bastidores da gravação do álbum Ten no London Bridge Studio, entre março e junho de 1991.
Fotografia: SPIN

Bem, pra poder contar a história da música “Release” é preciso contextualizar um fato que serviu de inspiração para as letras da canção. Os pais de Eddie Vedder se divorciaram em 1965, quando o mesmo ainda era um bebê. Sua mãe, Karen Lee Vedder, logo se casou com Peter Mueller. Vedder foi criado acreditando que Mueller era seu pai biológico, e ele foi chamado de Edward Mueller por algum tempo.

Eddie, que achava que seu pai era o seu padrasto, mas na verdade seu pai fora apresentado a ele quando era uma criança, porém, lhe foi apresentado como sendo um amigo da família. Já na adolescência, sua mãe conta toda a verdade. Verdade essa que o pai dele morreu na época em que ele tinha 13 anos de idade. Este fato assombraria por muito tempo o então jovem Vedder.


Eddie Vedder com aproximadamente 7-12 anos.



Na primeira das duas últimas fotos acima, vemos Edward Louis Severson Jr, o pai biológico de Eddie Vedder que faleceu precocemente e inspirou o filho em muitas das canções presentes no álbum Ten como a servir de exemplo, a faixa “Alive”. A segunda imagem contém uma pequena descrição do parentesco de Edward e a marcação de seu funeral.
Fotografias: Find a Grave

Sobre o processo de desenvolvimento da música, a letra de “Release” foi inteiramente improvisada na primeira vez que a tocaram. Stone Gossard, disse que a música foi escrita de forma espontânea, quando tocava uma música pra poder ter certeza de que a guitarra estava afinada. A canção inicialmente foi gravada num valor bem barato em algumas fitas cassetes antigas de Kipper Jones que Vedder havia levado em uma caixa para as sessões na gravadora.

Essa música é quase explicitamente sobre Eddie Vedder lidando com a realidade de que seu pai na verdade era o seu padrasto e que ele nunca conheceu o seu pai biológico da forma que deveria. É perceptível a emoção de forma pungente na letra da música e na própria voz de Vedder. Quem não possui ciência desse fato ocorrido na vida do vocalista nunca poderá compreender de forma completa, da maneira mais clara possível a respeito da fonte pela qual a banda literalmente bebeu para poder escrever essa música.

Conforme relatado no livro Five Against One escrito por Kim Neely, na página 62, Vedder explicou: “Em 'Release', todos conectaram suas guitarras e começaram esse tipo de tilintar, e eu comecei a cantarolar, gemer ou o que quer que seja, e então, de repente, era como uma música de seis minutos que rolou totalmente e atingiu o pico. Essas palavras - ainda me recuso a escrevê-las, mesmo que precisem delas para publicação. Não vou escrevê-las. Isso era algo que eu não tinha experimentado, era tão intenso.”


Five against One: The Pearl Jam Story, a biografia da banda lançada em maio de 1997 e que infelizmente não há tradução pro português.
Fotografia: Amazon

A repetição do refrão “Release me” parece ser um grito por libertação das dores do passado que o prendem. A letra cita uma figura paterna não identificada como sendo um ser muito semelhante ao eu lírico, enquanto o eu lírico reflete as suas lutas da vida como a ausência dessa figura paterna e chega à conclusão de que a força dentro de si tem estado sempre presente. Interpreto a música como um processo de cura para um trauma profundo, onde o eu lírico precisa se libertar, aceitando a realidade de que o seu pai não estará presente fisicamente, entendendo que o mesmo nunca o deixou, que ele sempre estará dentro de si; espiritualmente. E ao se libertar, o mesmo poderá encontrar a sua própria identidade e paz interior.


© Fotografia: Lance Mercer

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Referências:





• genius

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