Melhores músicas ouvidas em 2024


Essa listagem contém uma avaliação com base no meu gosto pessoal das músicas que ouvi neste ano. A listagem contém canções que não necessariamente foram lançadas nesse ano, mas sim, canções que me marcaram no ano a qual me refiro. Não estive tão antenado nas músicas atuais e por está razão, não conseguiria listar as melhores que foram lançadas no ano atual.

• Sultao Das Matas — Soulfly 

Essa faixa, presente no álbum Soulfly da banda autointitulada, carrega uma mística um tanto quanto otimista. Me lembra o conceito por trás da música “Itsári”, presente no último álbum do Sepultura no qual Max Cavalera, fundador do Soulfly, integrou e havia fundado com seu irmão, Igor Cavalera, em 1984, mas acabou saindo por disputas de gestão. A música de acordo com a minha interpretação, parece ser um ritual de força para combater o sofrimento, seja físico ou espiritual, uma vez que a letra repetidas vezes faz referência ao sultão das matas, um caboclo de Umbanda que curava pessoas. “Sultão das matas sou eu, sou eu / Eu sou sultão da minha aldeia / Sultão das matas sou eu”. A letra claramente faz referência ao candomblé, uma religião de matriz africana, onde o coral da canção se compara ao caboclo que parece ser uma entidade muito poderosa. As vozes do coral finaliza o trecho cantando que é o sultão da sua própria aldeia e sultão, de acordo com o dicionário, define aquele que tem o poder absoluto, ou seja, a voz possui o poder do autocontrole, da perseverança. A letra pode representar também um contexto pessoal vindo do proprio Max Cavalera, fazendo alusão a situação em que o mesmo passou devido ao rompimento com o Sepultura e também na morte repentina do seu enteado, Dana Wells. A melodia vai de bate palmas, o que é bastante comum dentro das músicas de terreiro, a também ritmos vindos de tambores tribais. Não sigo nenhuma religião, mas de modo geral, gosto muito dessa música que claro, soa de forma interpretativa em sua composição.

• Procreation (Off the Wicked) — Sepultura
Este cover fantástico do Celtic Frost interpretado majestosamente pelo Sepultura na sua melhor essência, conquistou o meu coração. Assim como a faixa citada acima, esta requer interpretação. Interpreto o tema da música como sendo a condição humana. A letra fala sobre a natureza do ser humano, que nos define como seres predominante de sentimentos e destaca a impressionante capacidade que temos de adquirir um instinto bondoso, podendo obter na mesma instância um instinto perverso. O trecho: “Kane and Abel's love and dead” (Amor e morte de Caim e Abel) faz referência a passagem bíblica que conta a história dos irmãos Caim e Abel, que resumidamente, o fato de compartilharem o mesmo sangue, não impediu Abel de assassinar o seu irmão. Nada melhor do que o heavy metal, com o vocal rasgado do Max Cavalera, a bateria explosiva de Igor Cavalera, as distorções adictas no bom sentido da guitarra do Andreas Kisser e o baixo acompanhante do Paulo Xisto, para expôr perfeitamente um tema tão sombrio quanto este. Essa é uma daquelas faixas covers que conseguem superar o original.

• Lookaway — Sepultura
Essa música é uma das faixas experimentais do álbum, o clássico “Roots” do Sepultura e tem como tema a compulsão sexual, vista como um distúrbio que afeta não só a vítima deste mau, como também as pessoas que estão ao seu redor. “What makes it so good / That a man would kill for it / Lie just to lick a bit”. Separei esses trechos para poder dissecar e analisar a minha interpretação da música. Esses trechos estão presentes na mesma estrofe e Max canta, interpretando um homem rendido ao vício que se questiona: “O que torna isso tão bom”, no que se refere a necessidade fisiológica, ao forte desejo de se relacionar sexualmente com alguém ou de se masturbar. O trecho: “A ponto das pessoas matarem para ter aquilo”, interpreto isso como uma liberdade poética para alguém que comete um ato de teor sordido, como a masturbação ou simplesmente a imaginação de uma pessoa se relacionando sexualmente com um outro alguém, e o desejo é tão forte que nada consegue impedir o ato. “Mentiria apenas por uma lambida”, essa última frase pra mim seria uma metáfora que remete ao ato da infidelidade, na qual o(a) parceiro(a) trai, mente e trai novamente, num ciclo sem fim. O trecho final, que sussurra repetidas vezes: “I look at you, [then] / You look at me, [then] / You look away...”, interpreto como um parasita prestes a agarrar a sua presa, uma pessoa tão perturbada psicologicamente a ponto de querer estuprar a sua vítima por desejá-la de forma tão intensa. A música tem uma sonoridade sombria que me agrada bastante e que também acrescenta na atmosfera. Essa é a minha própria interpretação das letras, até porque Max Cavalera falou abertamente a respeito do Jonathan Davis no processo de escrita da música, e o que é dito quebra toda a minha narrativa a respeito da interpretação: “Ele está cantando sobre as pessoas terem medo de buceta, o que é um conceito maluco. Saiu como uma música muito legal e sombria em 'Roots” [trecho narrado de uma entrevista para o Artist Direct]. É um som mais voltado para o industrial, possui um Groove arrastado no riff da guitarra, tem muita pegada de Nu metal e inclusive, Jonathan Davis, o vocalista da banda Korn, escreveu essa música e fez uma participação no vocal.

• Blackbird — The Beatles
Essa música é um clássico dos Beatles, presente no álbum branco que foi lançado em 1968. Foi composta e executada pelo Paul McCartney. A letra, segundo McCartney, seria um incentivo de resistência para o povo negro que lutava pelos direitos iguais numa América dos anos 60, onde a segregação racial ainda não havia sido extinta de forma constitucional. A melodia no violão e na voz de Paul é muito visceral; dá vontade de tocar junto. Mas o que mais me chama a atenção é a mensagem de força que ele quis passar pra população negra, que acabou não ficando marcado somente pros negros daquela época mas também para os negros da posterioridade. Em resumo, Blackbird é uma canção muito marcante e atemporal. Foi uma das músicas que mais ouvi nesse ano.

• R U N — XXXTentation
Aquele som versátil de um artista muito versátil. R U N parece ser aquelas músicas experimentais, no qual o artista usa o seu estado mental como referência para refletir a sua própria natureza. Nessa faixa, X trabalhou num som melódico contendo a batida convencional do hiphop com muito grave e as notas básicas do piano que se fundem num elemento perfeito e uma letra depressiva com um refrão bem arrastado, onde é possível ouvir uma voz duplicada e distorcida que parece ser vozes na mente de uma pessoa bastante perturbada, que diz repetidas vezes: “Run, run, run my head” ou (Corra, corra, corra minha cabeça) e é seguido por um verso que soa como um freestyle mórbido. Essa música foi lançada em dezembro de 2014 no SoundCloud e mostra o início da jornada do jovem Jahseh Onfroy, que até alí não era ninguém no cenário musical, mas que em dois anos estaria no centro das atenções e também marcaria o ressurgimento de um subgênero do hiphop chamado Emo rap, movimento esse que o mesmo nunca seria capaz de se desvincular mesmo se quisesse.

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